quarta-feira, 27 de julho de 2016

GRUPO FORÇA JOVEM COMEMORA 34 ANOS DE MUITA REZA, MUITA LUTA E MUITA FESTA



O Grupo Força Jovem da comunidade Córrego do Jenipapo na Periferia do Recife, nasceu no dia 27 de julho de 1982 sobre o reflexo da Pastoral da Juventude do Meio Popular e guiados por ela tinham como objetivo conscientizar os jovens que 'cegos' de verdades sobre um mundo desigual, não conseguiam visualizar a exclusão e opressão em tudo os que rodeavam. Através do anseio de melhorar a vida social e trazer oportunidades para os jovens da sua comunidade e sobretudo das periferias do Recife, esse grupo nascido e enraizado no profetismo  de um Cristo Libertador, caminha com Ele na esperança da união fraterna e na luta para a construção da civilização do amor, visando construir um lugar para todos, o reino de Deus. 

A partir do seu nascimento o grupo trabalhava em cima de problemas sociais e enfatizavam a partir das artes levando a uma reflexão iluminada pelo evangelho de Jesus Cristo, sendo eles "sal da terra e luz do mundo" para os jovens que os rodeavam.

Durante todo caminhar o Grupo contou com inúmeras pessoas que fizeram e souberam fazer a história contribuindo para o crescimento a partir da fraternidade, do amor, da compaixão para com todos.

Nunca, em seus anos de caminhada, se escondeu seu objetivo e a preferência pela Juventude da periferia, pelos pobres e pela luta a favor da vida e da justiça, fazendo assim valer o dito do Cristo que nos liberta. E que bem ressalta o Papa Francisco  na Encíclica Laudato Si:

“O amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que procuram construir um mundo melhor. O amor à sociedade e o compromisso pelo bem comum são uma forma eminente de caridade que toca não só as relações entre os indivíduos, mas também as macrorelações como relacionamentos sociais, econômicos, políticos. Por isso, a Igreja propôs ao mundo o ideal de uma “civilização do amor”, O amor social é a chave para um desenvolvimento autêntico. Para tornar a sociedade mais humana, mais digna da pessoa, é necessário valorizar o amor na vida social - nos planos político, econômico, cultural - fazendo dele a norma constante e suprema do agir.” {...} “Desta forma cuida-se do mundo e da qualidade de vida dos mais pobres, com um sentido de solidariedade que é, ao mesmo tempo, consciência de habitar em uma casa comum que Deus nos confiou.”

E hoje, como festa, para o aniversariante de 34 anos de Caminhada, a Pastoral da Juventude do Meio Popular da Arquidiocese de Olinda e Recife parabeniza o Grupo Força Jovem por esses longos anos de estrada, de luta e resistência diante de todos os obstáculos. fazendo bem valer o dito do nosso Profeta Dom Helder Câmara “Para além, muito além dos egoísmos individuais, dos egoísmos de classe, dos egoísmos nacionais, é preciso abraçar, sorrir, trabalhar”

Desejamos também muita força para continuar a caminhada. Que esse ano em que estamos vivenciando o Ano Santo da Misericórdia ajude-os a abrir ainda mais a cabeça de nossos jovens para refletir o amor e a misericórdia para com os outros. E que a Nossa Senhora Aparecida, nossa Mariama, mãe dos homens de todas as raças, de todas as cores, de todos os cantos da Terra nos impulsione a continuar cultivando a semente do bem fazendo brotar esperança de dias melhores.

E não esqueçam o que Dom Hélder nos disse: "O segredo de ser jovem é ter uma causa a que dedicar a vida".

AMÉM, AXÉ, AWERÊ, ALELUIA, OXENTE!




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segunda-feira, 11 de abril de 2016

FÉ E VIDA NA MÍSTICA E ESPIRITUALIDADE DA PJMP






Por Padre Antônio Gomes*


Pensar mística e espiritualidade da PJMP é nos colocarmos numa linha do tempo pensarmos no movimento bíblico de libertação do povo de Deus no Egito, recorda a Aliança de Deus com seu povo, caminhar com os Profetas de ontem e de hoje, encontrar-se com o Nazareno, nos encantarmos com o seu projeto de Reino, caminharmos com a Igreja – Povo de Deus, ao longo da história até estes dias: O Concílio Vaticano II e sua recepção na América Latina, a Teologia da Libertação, a ação pastoral e evangelizadora no Brasil, com seus conflitos e buscas de acerto da caminhada plural, diversas e iluminada pela ação do Espírito Santo que continua nos mobilizando, iluminando e guiando nossos passos.

1.    NOSSA HISTÓRIA, NOSSO CHÃO
Somos filhos de trabalhadores, a nossa classe é a classe popular. Nós temos
sonhos e também muitos amores. Também queremos trabalhar, participar.
É a juventude do Meio Popular!

Nosso hino nos indica, o chão onde nascemos vai determinar nossas opções na construção de um mundo novo: numa sociedade marcada por tantas desigualdades, o olhar que lançamos sob a realidade determina o jeito de caminhar da gente. O chão que a gente pisa determina o olhar que temos da vida.
Morros e periferias do Recife, lugar dos pobres, sonhos e rezas de um povo que tem na fé um modo de encarar as dificuldades e os problemas da vida.
O ano de 1978, tempo de luta contra a ditadura militar que tinha calada muita gente, havia sufocado o projeto popular de um Brasil pensado pelos movimentos sociais do campo e da cidade. Uma voz profética não cala: Hélder Pessoas Câmara, o DOM é o nosso acalanto em tempos cinzentos. No seu entorno se gestará a PJMP, junto com outras grandes intuições – as CEBs com o Movimento Fraterno ENCONTRO DE IRMÃOS, o ITER instituto de Teologia do Recife, a Organização Pastoral da Terra, do Índio, dos Negros, a Comissão de Direitos Humanos. Nascemos dentro de um contexto amplo para ajudar a organização do povo na construção de um mundo justo, fraterno e solidário.

2.    A VOZ QUE VEM DA PERIFERIA – LUGAR TEOLÓGICO
Eu acredito que o mundo será melhor quando
o menor que padece acreditar no menor.

Todo ponto de vista é a vista a partir de um ponto. O nosso lugar teológico é a periferia. Desse chão que pisamos vai nos colocar diante de um horizonte: assumirmos quem somos, de onde viemos, com quem lutamos, marca a linguagem que buscamos implementar no nosso discurso.
A teologia da libertação, nascida no continente Latino Americano, a partir da vida, do sofrimento e da luta por superar as chagas que nos fazem 3º mundo, como um olhar a partir dos movimentos de libertação será o eixo que nos colocará numa perspectiva de fidelidade ao movimento de Jesus hoje, aqui e agora.

3.    SEMENTE NO NOVO NA LUTA DO POVO
Vinho novo em Odres Novos. (Mc 2, 22)

A Igreja de Cristo em Olinda e Recife, comprometida com a vida e a luta do povo, envolvida nesta luta, adultos em sua maioria, homens e mulheres juntos, um povo de batizados: leigos e leigas, religiosos e religiosas, ministros ordenados; juntos com os jovens da periferia organizaram o Movimento dos Jovens do Meio Popular. Com uma pedra lançado no rio que a partir de um determinado ponto produz vários círculos se espalha pelo Regional Nordeste II e pelo Brasil afora. O papel das lideranças juvenis em coordenação, o planejar essa caminhada, e a presença de equipes de assessoria – homens e mulheres encantados e comprometidos nesse projeto vai fazer a PJMP torna-se referência da organização pastoral dos jovens em nosso país.
Dom Sinésio Bhon, a partir de seu olhar de pastor, vai afirmar: “A PJMP é a experiência da Igreja, do rosto popular jovem. É a reconstrução do rosto de Cristo entre os jovens mais sofridos. A PJMP é solidária na dor, firme na esperança e alegre em suas pequenas, mas progressivas conquistas.”
Ser semente do novo na luta do povo. Eis nossa missão. Á luz das intuições da Conferência Latino Americana de Medelín que fez sua recepção do Concílio Vaticano II para o nosso continente. Ajudarmos na construção da CIVILIZAÇÃO DO AMOR. As intuições que se desenvolverão, não sem embates e conflitos, vão apurar o ouro no fogo, vão dar consistência aos nossos quadros. Fará muitos que estiveram e estão ao longo dos nossos 38 anos de história não perdemos o entusiasmo, mas consolidam os passos que continuamos dando.

4.    ARDE O FOGO NO MEIO POPULAR
Nossa força quem nos dá é Jesus Cristo, que nos empurra e ilumina o caminho,
pois Ele é o nosso companheiro, que pelos pobres sempre tem muito carinho.
É a juventude do Meio Popular!

A mística que anima a caminhada dos jovens do meio popular tem raiz em Jesus de Nazaré. O movimento Jesuano de vida nova, de estar do lado dos sem vez e sem voz é um caminhar permanente e que vai sendo atualizado a medida que nos desafia a viver na luta com paixão e entusiasmo, festejando e celebrando esse caminhar. Uma expressão que ficou marcada é a PJMP é espaço de muita Reza, Muita Luta e Muita Festa.
As orações de nossos congressos são fonte inspiradora para continuamos firmes e perseverantes, esperançosos e lúcidos, sonhadores e realizados de novos céus e nova terra.
A espiritualidade Cristã Libertadora é a fonte de nosso caminhar: o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, as questões indígenas, afro brasileira, a questão da terra para produzir e para morar, a ecologia, a questão de gênero, a afetividade e sexualidade, a participação nos movimentos de luta social no bairro, na escola-universidade, no sindicato, no partido político, na vida e a nossa práxis deve refletir e dar passos para seguirmos com Fundamentos do Caminho, Bandeiras de Luta e Artes da Gente.
Que sejamos ontem, hoje e amanhã VIDAS PELO REINO.




*Pe. Antônio Gomes de Medeiros Filho, SDB; Vigário na Paróquia São João Bosco da Arquidiocese de Olinda e Recife, Presidente da Comissão Arquidiocesana de Pastoral para a Juventude da AOR, Presidente da Comissão de Juventude do Regional Nordeste 2 e Comissão Nacional de Assessores da PJMP
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segunda-feira, 4 de abril de 2016

O aspecto de Fé e Vida no Meio Popular



Por Enildo Gouveia*

Para compreender o jeito de ser Igreja a partir da experiência da Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP, algumas considerações são de fundamental importância. É necessário que grupos, militantes, simpatizantes entendam estas questões para não serem surpreendidos com diversos questionamentos que nos chegam tanto de dentro da própria Igreja, como de quem está de fora. 

Em primeiro lugar não dá pra conceber grupos ou militantes da PJMP que fiquem “presos” ou limitados às atividades paroquiais de organização de celebrações, crisma, catequese etc. Da mesma forma, estes não podem abdicar destes espaços e preocupar-se apenas com as lutas sociais e culturais. Se de uma forma corre-se o risco de perder a amplitude do debate sobre a problemática social, doutra forma, os pilares de sua fé podem ser abalados, além de afastar-se de um espaço importante de articulação entre fé e vida. 

A nossa mística consiste justamente nisto: articular a indignação sociopolítica a uma vivência profunda da fé em Jesus expressa na liturgia da palavra e nos ritos católicos que no caso brasileiro, incorporou vários elementos da cultura popular que os tornaram ainda mais ricos e significativos. De fato, para a PJMP ser ou não católico ou até mesmo cristão não é o “x” da questão. Valorizamos muito mais as bandeiras de lutas que determinada pessoa ou grupo defende, suas ações. Embora nos assumamos como cristãos, acreditamos num ecumenismo profundo que ultrapassa a perspectiva unicamente cristã, daí nossa proximidade com várias outras experiências, principalmente as indígenas e afro-brasileiras, experiências espirituais estas, originárias e válidas, assim como a nossa.  

Somos partidários de um cristianismo engajado e fundamentado no respeito e no reconhecimento de que o outro, apesar de diferente e por vezes “esquisito”, tem algo de bom a nos dizer. É no que há em comum, no que há de bom, que estabelecemos nosso leque de alianças. Já as diferenças não cabem a nós julgarmos. 

Os evangelhos nos mostram um Jesus muito próximo do povo. Suas palavras duras são em direção aos defensores da lei, aos ricos, aos poderosos. Jesus não julga o povo, mas os conforta. Alia-se a esta parcela da população indistintamente, e é pra esta a quem ele primeiro vem anunciar a ressurreição. 

Sobre a experiência numa das regiões mais pobres do Recife, Frei Aloísio Fragoso (franciscano) falou:   
“Eles são os menos amados, excluídos, rejeitados pela sociedade. Mas eu jamais escutei uma blasfêmia deles contra Deus. É um mistério a fé deste povo. Encontrei neles santidade que nunca vai chegar aos altares, mas ficará eternizada na memória do povo e no coração de Deus”
Dessa forma, se ousamos ser seguidores de Jesus, não podemos fugir deste compromisso: aproximar-se do povo sem exigir nada em troca, nem mesmo que siga a nossa profissão de fé, nosso jeito de rezar. 


*Enildo Gouveia é Assessor Regional da Pastoral de Juventude do Meio Popular,  Doutorando em Geografia e Professor no Instituto Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco. 
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segunda-feira, 28 de março de 2016

A BELEZA DE SER UM/UMA EDUCADOR/EDUCADORA




Por André Fidelis



Ser educador/a é criar uma relação intensa de modificação comigo mesmo, com o/a outro/a e com o mundo. Comigo mesmo porque estou em processo sempre de mudança, de aprendizagem e de uma frequente tentativa de autoavaliação e esta tentativa muitas vezes é castigante, porque as vezes nossos atos não condizem com o nosso papel revolucionário de juntos/as com meus pares/pares de educar. Porém isto não deve ser uma regra que me torture, devemos procurar que sejam sempre exceções, nossos erros de pensamento e prática devem ser exceções. O professor Rubem Alves traz uma reflexão pertinente em torno desta questão, onde diz: “Somos donos dos nossos atos mas não donos dos nossos sentimentos. Somos culpados pelo que fazemos mas não pelo que sentimos. Podemos prometer atos,  mas não podemos prometer sentimentos. Atos são pássaros engaiolados. Sentimentos são pássaros em voo”. Então, nessa relação de nós com nós mesmos deixemos nossos sentimentos criarem asas, pois assim poderão chegar a infinitos lugares.

A intensa modificação é com o outro/a e nunca pelo outro/a porque somos seres de transformação social, é incomum, na condição de educador/a, observarmos um problema que aflinge tantos e não questionarmos, não provocarmos as pessoas para que possibilite uma reflexão subjetiva que toque no sentimento de indignação e promova uma mudança em forma de melhoria da qualidade de vida, mas é preciso que essa indignação não seja seletiva, canalizada para ações violentas, desesperadas e desqualificadas. Como educadores/as devemos moldar esta revolta, como um artesão faz a sua obra de arte, como um poeta escreve a sua poesia, de forma a gerar um efeito multiplicador, um despertar político e consciente que estabeleça a relação entre o contexto histórico dos problemas, as pessoas envolvidas nela e de que forma isso gera impactos à sociedade. O/A educador/a não só olha o problema, ele/a tem a obrigação de ver o problema e em contato com as pessoas elaborar processos de problematização, não sejamos passivos aos “causos da vida”, sejamos proativos.

E não esqueçamos do mundo, mas não o mundo de uma forma gigante, longínqua, abstrata, mas um mundo que é composto por coletivos, pela sociedade, pela natureza, por mudanças constantes. O cuidado com a casa comum, com o espaço que deveria ser de todos/as, com as pluralidades, local onde estabelecemos nossas relações, nossa moradia, nossos diálogos, vínculos, intrigas, debates, e tantas outras coisas que manifestam cuidados. É oportuna uma contribuição do Leonardo Boff: “O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”. E ainda é possível completar: com o outro e com o mundo.

Segundo Boff, “As tarefas que nos propomos, devem conter exigências que pareçam ir além de nossas forças . Caso contrário , não descobrimos nosso poder ,nem conhecemos nossas energias escondidas e assim deixamos de crescer”.  Somos educadores/as e isso significa ocupar um papel importante na sociedade, um papel de transformação social, de usar métodos e meios informais para construir cidadania, despertar a curiosidade, insistir e persistir na tentativa de gerar em todos os atos que praticamos a cultura de paz que possibilitará meios de edificar estruturas inabaláveis que reunirá o cuidar com o outro, respeito às opiniões e sentimentos de mudança coletiva.


*André Fidelis é um Assessor Arquidiocesano da Pastoral da Juventude do Meio Popular da Arquidiocese de Olinda e Recife, Pedagogo e integrante do Coletivo Força Tururu.
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terça-feira, 22 de março de 2016

A História se faz e Precisa de Nós!



Neyl Santos*

O tempo não é dos mais fáceis, longe disto, a conjuntura sociopolítica de nosso país é fortemente adversa para qualquer tipo de intervenção minimamente politizada. Nas ruas, escolas, nas instituições, os xingamentos e outros tipos de agressões ganham relevância em detrimento do debate respeitando as diferenças. No Congresso, uma maioria momentânea surfa na onda de conservadorismo reacionarismo, para impedir que o Executivo tome qualquer medida para retirar o país da estagnação, e ao mesmo tempo, impõe uma pauta conservadora reacionária que ameaça direitos conquistados não só nos últimos treze anos, mas desde a redemocratização do Brasil. É exatamente em meio a tudo isso, que o papel da Pastoral da Juventude do Meio Popular, bem como de instituições historicamente comprometidas com os mais pobres de nosso país é ressaltado.
“Ai de mim se eu não disser, a verdade que ouvi, ai de mim se eu me calar, quando Deus me mandar falar!”
Na atual quadra histórica, a juventude brasileira parece ter retomado a importância política que outrora foi sua principal característica. Em todo o país várias foram as lutas acampadas por essa parcela da sociedade nos últimos anos. Fora assim desde a luta contra o aumento das passagens e pela qualidade no transporte público em São Paulo em 2013 até os movimentos de resistência e ocupação contra o fechamento de escolas proposto em São Paulo e em Goiás mais recentemente. Infelizmente nem toda intervenção política da juventude neste período foi no sentido cobrar e promover avanços para a população.

Antes de todo esse reboliço, a leitura que muitos de nós fazíamos da juventude era baseada na celebre frase de Ernesto ‘Che’ Guevara, “Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”, no entanto, essa sentença quando trazida para a nossa sociedade capitalista dividida em classes, perde seu sentido quase que por completo. A juventude é parcela da população que perpassa todos os demais grupos. Há jovens pobres e ricos, brancos, pretos e amarelos, gays e homofobicos, feministas e machistas, há jovens de todas as culturas e de todos os credos. Talvez a falta de articulação das juventudes conservadora e reacionária ou em última análise, a pequena inserção destas nos espaços de disputa política, colocou os grupos de esquerdas numa zona de conforto. Assim, ao menos na pratica, todo movimento de juventude era de esquerda, era pra frente, era numa primeira análise, revolucionário.

Acontece que por motivos que precisam ser melhor estudados pelas ciências sociais, parcelas de direita e extrema direita começaram a se organizar nos últimos anos. Mais precisamente (e curiosamente) em 2013, depois dos jovens do Movimento Passe Livre serem violentamente reprimidos pelo governo de São Paulo, uma comoção social foi forjada, e aparentemente sem motivos mais relevantes, resolveram ir pras ruas, e com todo o aparato midiático não só foram como se tornaram protagonistas. Incentivados pela oposição de direita, e em muitos momentos, por setores da oposição de esquerda ao governo federal (com leitura errada, ainda baseada na frase de Che), os movimentos se intensificaram. Criaram redes, grupos, perderam a vergonha de defender publicamente bandeiras como a intervenção militar. Criaram referencias, surgiram lideranças, ocuparam espaços. E em todos esses movimentos um setor da direita e da extrema direita se destaca: a juventude.

Essa onda foi de forma irresponsável estimulada durante o processo eleitoral de 2014, e de lá pra cá, com a derrota da direita nas urnas para o executivo federal, mas com a sua vitória na formação do congresso, tem sido fermentada e instrumentalizada para legitimar um processo de inviabilização do governo. O problema é que assim como a obra de Mary Shelley, o monstro ficou maior que seu criador, culminando na expulsão dos principais líderes tucanos do protesto de 13 de março (de 2016).

Esse processo todo fez com que uma das principais bandeiras da PJMP, o protagonismo juvenil, fosse finalmente visto no Brasil. Quem pensou que um dos principais canais de comunicação do país teria como colunista político um jovem de 19 anos? O problema, ao menos para aqueles que historicamente constroem a luta popular, é que tal protagonismo não está a serviço dos avanços sociais dos quais tanto carece o Brasil, muito menos da criação e efetivação de políticas públicas para as mais diversas juventudes brasileiras, mas tão somente, a serviço da manutenção do status quo, se não da implementação de políticas que piorem ainda mais a vida do povo mais sofrido para garantir o nível de vida daqueles que efetivamente mandam no país.

A impressão é que não nos cabe outra alternativa condizente com nossa história, que não a politização do debate sem perder de vista o desenvolvimento da luta de classes em nosso contexto (a esse respeito ler “Dilemas da atual lutas de classes” de Wladimir Pomar publicado em >>  http://www.pagina13.org.br/wladimir-pomar/dilemas-da-atual-luta-de-classes/ ).

Precisamos ocupar os campos, cidades e vilas. Caatingas, fabricas e vilas. Precisamos mais do que nunca não nos distanciar de nosso povo, ao qual pertencemos e somos parte integrante. Continuar nossa tarefa missionária de revelar a mensagem libertadora do evangelho de Jesus Cristo, e assim, necessariamente interferir na formação da opinião pública, em favor da defesa de bandeiras que de fato, melhorem suas condições de vida. Promovendo dignidade e diminuindo distancias.

Há braços irmãos, há braços companheiros!

*Neyl Santos é jovem militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular, acadêmico de Direito pela Faculdade Salesiana do Nordeste e secretário do Conselho de Moradores da Vila Nossa Senhora da Conceição em Recife-PE.


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sábado, 19 de março de 2016

ENCONTRO SOBRE A SEMANADA DA CIDADANIA 2016


     Iluminados pelo Evangelho de Mateus (5,6) “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”, somos convidados a refletir como Igreja e cidadão, enquanto grupo, Pastoral e Arquidiocese, a semana da cidadania, lançada pelas Pastorais de Juventude da CNBB (PJ, PJR, PJMP e PJE), com o objetivo principal de um aprofundamento reflexivo diante das nossas ações cotidianas e práticas sociais visando a transformação e a mudança do nosso meio. O tema (Juventude e Bem Comum) e lema (Unidos por uma luta comum: terra, teto e trabalho) proposto para esse ano comunga com a Campanha da Fraternidade e nos leva a pensar na Casa Comum e nossa responsabilidade. 

     Com visão nesse contexto e imensa preocupação em abordar essa reflexão para a juventude de nossa arquidiocese, a Pastoral de Juventude do Meio Popular da Arquidiocese de Olinda e Recife (PJMP AOR) propõe e convida a todos para o encontro da semana da cidadania que será realizado no dia 17 de abril de 2016, a partir das 08h00 na Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Olinda e Recife (Avenida Rui Barbosa, 409, Graças, Recife – PE). 

     Aguardamos por todos os jovens de nossa Pastoral, Jovens de nossa Arquidiocese, parceiros Pastorais e todo aquele que se sentirem a vontade. 

     Entra nessa GRANDE roda com a gente, VEM!


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