segunda-feira, 28 de março de 2016

A BELEZA DE SER UM/UMA EDUCADOR/EDUCADORA




Por André Fidelis



Ser educador/a é criar uma relação intensa de modificação comigo mesmo, com o/a outro/a e com o mundo. Comigo mesmo porque estou em processo sempre de mudança, de aprendizagem e de uma frequente tentativa de autoavaliação e esta tentativa muitas vezes é castigante, porque as vezes nossos atos não condizem com o nosso papel revolucionário de juntos/as com meus pares/pares de educar. Porém isto não deve ser uma regra que me torture, devemos procurar que sejam sempre exceções, nossos erros de pensamento e prática devem ser exceções. O professor Rubem Alves traz uma reflexão pertinente em torno desta questão, onde diz: “Somos donos dos nossos atos mas não donos dos nossos sentimentos. Somos culpados pelo que fazemos mas não pelo que sentimos. Podemos prometer atos,  mas não podemos prometer sentimentos. Atos são pássaros engaiolados. Sentimentos são pássaros em voo”. Então, nessa relação de nós com nós mesmos deixemos nossos sentimentos criarem asas, pois assim poderão chegar a infinitos lugares.

A intensa modificação é com o outro/a e nunca pelo outro/a porque somos seres de transformação social, é incomum, na condição de educador/a, observarmos um problema que aflinge tantos e não questionarmos, não provocarmos as pessoas para que possibilite uma reflexão subjetiva que toque no sentimento de indignação e promova uma mudança em forma de melhoria da qualidade de vida, mas é preciso que essa indignação não seja seletiva, canalizada para ações violentas, desesperadas e desqualificadas. Como educadores/as devemos moldar esta revolta, como um artesão faz a sua obra de arte, como um poeta escreve a sua poesia, de forma a gerar um efeito multiplicador, um despertar político e consciente que estabeleça a relação entre o contexto histórico dos problemas, as pessoas envolvidas nela e de que forma isso gera impactos à sociedade. O/A educador/a não só olha o problema, ele/a tem a obrigação de ver o problema e em contato com as pessoas elaborar processos de problematização, não sejamos passivos aos “causos da vida”, sejamos proativos.

E não esqueçamos do mundo, mas não o mundo de uma forma gigante, longínqua, abstrata, mas um mundo que é composto por coletivos, pela sociedade, pela natureza, por mudanças constantes. O cuidado com a casa comum, com o espaço que deveria ser de todos/as, com as pluralidades, local onde estabelecemos nossas relações, nossa moradia, nossos diálogos, vínculos, intrigas, debates, e tantas outras coisas que manifestam cuidados. É oportuna uma contribuição do Leonardo Boff: “O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”. E ainda é possível completar: com o outro e com o mundo.

Segundo Boff, “As tarefas que nos propomos, devem conter exigências que pareçam ir além de nossas forças . Caso contrário , não descobrimos nosso poder ,nem conhecemos nossas energias escondidas e assim deixamos de crescer”.  Somos educadores/as e isso significa ocupar um papel importante na sociedade, um papel de transformação social, de usar métodos e meios informais para construir cidadania, despertar a curiosidade, insistir e persistir na tentativa de gerar em todos os atos que praticamos a cultura de paz que possibilitará meios de edificar estruturas inabaláveis que reunirá o cuidar com o outro, respeito às opiniões e sentimentos de mudança coletiva.


*André Fidelis é um Assessor Arquidiocesano da Pastoral da Juventude do Meio Popular da Arquidiocese de Olinda e Recife, Pedagogo e integrante do Coletivo Força Tururu.
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terça-feira, 22 de março de 2016

A História se faz e Precisa de Nós!



Neyl Santos*

O tempo não é dos mais fáceis, longe disto, a conjuntura sociopolítica de nosso país é fortemente adversa para qualquer tipo de intervenção minimamente politizada. Nas ruas, escolas, nas instituições, os xingamentos e outros tipos de agressões ganham relevância em detrimento do debate respeitando as diferenças. No Congresso, uma maioria momentânea surfa na onda de conservadorismo reacionarismo, para impedir que o Executivo tome qualquer medida para retirar o país da estagnação, e ao mesmo tempo, impõe uma pauta conservadora reacionária que ameaça direitos conquistados não só nos últimos treze anos, mas desde a redemocratização do Brasil. É exatamente em meio a tudo isso, que o papel da Pastoral da Juventude do Meio Popular, bem como de instituições historicamente comprometidas com os mais pobres de nosso país é ressaltado.
“Ai de mim se eu não disser, a verdade que ouvi, ai de mim se eu me calar, quando Deus me mandar falar!”
Na atual quadra histórica, a juventude brasileira parece ter retomado a importância política que outrora foi sua principal característica. Em todo o país várias foram as lutas acampadas por essa parcela da sociedade nos últimos anos. Fora assim desde a luta contra o aumento das passagens e pela qualidade no transporte público em São Paulo em 2013 até os movimentos de resistência e ocupação contra o fechamento de escolas proposto em São Paulo e em Goiás mais recentemente. Infelizmente nem toda intervenção política da juventude neste período foi no sentido cobrar e promover avanços para a população.

Antes de todo esse reboliço, a leitura que muitos de nós fazíamos da juventude era baseada na celebre frase de Ernesto ‘Che’ Guevara, “Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”, no entanto, essa sentença quando trazida para a nossa sociedade capitalista dividida em classes, perde seu sentido quase que por completo. A juventude é parcela da população que perpassa todos os demais grupos. Há jovens pobres e ricos, brancos, pretos e amarelos, gays e homofobicos, feministas e machistas, há jovens de todas as culturas e de todos os credos. Talvez a falta de articulação das juventudes conservadora e reacionária ou em última análise, a pequena inserção destas nos espaços de disputa política, colocou os grupos de esquerdas numa zona de conforto. Assim, ao menos na pratica, todo movimento de juventude era de esquerda, era pra frente, era numa primeira análise, revolucionário.

Acontece que por motivos que precisam ser melhor estudados pelas ciências sociais, parcelas de direita e extrema direita começaram a se organizar nos últimos anos. Mais precisamente (e curiosamente) em 2013, depois dos jovens do Movimento Passe Livre serem violentamente reprimidos pelo governo de São Paulo, uma comoção social foi forjada, e aparentemente sem motivos mais relevantes, resolveram ir pras ruas, e com todo o aparato midiático não só foram como se tornaram protagonistas. Incentivados pela oposição de direita, e em muitos momentos, por setores da oposição de esquerda ao governo federal (com leitura errada, ainda baseada na frase de Che), os movimentos se intensificaram. Criaram redes, grupos, perderam a vergonha de defender publicamente bandeiras como a intervenção militar. Criaram referencias, surgiram lideranças, ocuparam espaços. E em todos esses movimentos um setor da direita e da extrema direita se destaca: a juventude.

Essa onda foi de forma irresponsável estimulada durante o processo eleitoral de 2014, e de lá pra cá, com a derrota da direita nas urnas para o executivo federal, mas com a sua vitória na formação do congresso, tem sido fermentada e instrumentalizada para legitimar um processo de inviabilização do governo. O problema é que assim como a obra de Mary Shelley, o monstro ficou maior que seu criador, culminando na expulsão dos principais líderes tucanos do protesto de 13 de março (de 2016).

Esse processo todo fez com que uma das principais bandeiras da PJMP, o protagonismo juvenil, fosse finalmente visto no Brasil. Quem pensou que um dos principais canais de comunicação do país teria como colunista político um jovem de 19 anos? O problema, ao menos para aqueles que historicamente constroem a luta popular, é que tal protagonismo não está a serviço dos avanços sociais dos quais tanto carece o Brasil, muito menos da criação e efetivação de políticas públicas para as mais diversas juventudes brasileiras, mas tão somente, a serviço da manutenção do status quo, se não da implementação de políticas que piorem ainda mais a vida do povo mais sofrido para garantir o nível de vida daqueles que efetivamente mandam no país.

A impressão é que não nos cabe outra alternativa condizente com nossa história, que não a politização do debate sem perder de vista o desenvolvimento da luta de classes em nosso contexto (a esse respeito ler “Dilemas da atual lutas de classes” de Wladimir Pomar publicado em >>  http://www.pagina13.org.br/wladimir-pomar/dilemas-da-atual-luta-de-classes/ ).

Precisamos ocupar os campos, cidades e vilas. Caatingas, fabricas e vilas. Precisamos mais do que nunca não nos distanciar de nosso povo, ao qual pertencemos e somos parte integrante. Continuar nossa tarefa missionária de revelar a mensagem libertadora do evangelho de Jesus Cristo, e assim, necessariamente interferir na formação da opinião pública, em favor da defesa de bandeiras que de fato, melhorem suas condições de vida. Promovendo dignidade e diminuindo distancias.

Há braços irmãos, há braços companheiros!

*Neyl Santos é jovem militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular, acadêmico de Direito pela Faculdade Salesiana do Nordeste e secretário do Conselho de Moradores da Vila Nossa Senhora da Conceição em Recife-PE.


PJMP Arquidiocese de Olinda e Recife Web Developer

sábado, 19 de março de 2016

ENCONTRO SOBRE A SEMANADA DA CIDADANIA 2016


     Iluminados pelo Evangelho de Mateus (5,6) “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”, somos convidados a refletir como Igreja e cidadão, enquanto grupo, Pastoral e Arquidiocese, a semana da cidadania, lançada pelas Pastorais de Juventude da CNBB (PJ, PJR, PJMP e PJE), com o objetivo principal de um aprofundamento reflexivo diante das nossas ações cotidianas e práticas sociais visando a transformação e a mudança do nosso meio. O tema (Juventude e Bem Comum) e lema (Unidos por uma luta comum: terra, teto e trabalho) proposto para esse ano comunga com a Campanha da Fraternidade e nos leva a pensar na Casa Comum e nossa responsabilidade. 

     Com visão nesse contexto e imensa preocupação em abordar essa reflexão para a juventude de nossa arquidiocese, a Pastoral de Juventude do Meio Popular da Arquidiocese de Olinda e Recife (PJMP AOR) propõe e convida a todos para o encontro da semana da cidadania que será realizado no dia 17 de abril de 2016, a partir das 08h00 na Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Olinda e Recife (Avenida Rui Barbosa, 409, Graças, Recife – PE). 

     Aguardamos por todos os jovens de nossa Pastoral, Jovens de nossa Arquidiocese, parceiros Pastorais e todo aquele que se sentirem a vontade. 

     Entra nessa GRANDE roda com a gente, VEM!


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