quinta-feira, 8 de março de 2018

“POR ELAS NENHUM MINUTO DE SILÊNCIO, MAS TODA UMA VIDA DE LUTA”



Irmãs, companheiras, consagradas, leigas...
Mulheres, Guerreiras...

“Eu lhes asseguro que onde quer que o evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória". Marcos 14, 9.



Cabo de Santo Agostinho, 29 de dezembro de 2017, Verônica de 45 anos, foi morta pelo marido com duas marteladas na cabeça, durante a madrugada, enquanto dormia num sofá na residência do casal. O mesmo disse que cometeu o crime por ordem de uma "entidade do mal".
Recife, 17 de Dezembro de 2017, Remís Carla foi esganada pelo namorado, o pedreiro Paulo. O motivo da briga foi porque ele havia quebrado o celular dela durante uma discussão. Paulo informou que estava sob o efeito de maconha e cocaína, o mesmo enterrou seu corpo num terreno próximo a sua residência, e o corpo da mesma foi encontrado quase uma semana depois em avançado estado de decomposição.
São Lourenço da Mata, 02 de Janeiro de 2018, o corpo de Sibelly Carla de Lima foi encontrado já em avançado estado de decomposição no imóvel que fica na rua do Sol, no bairro da Várzea Fria. Após uma discussão com o companheiro, uma adolescente de 14 anos foi encontrada morta, deitada na cama e enrolada em um lençol. Os vizinhos teriam escutado uma discussão entre o casal neste mesmo dia, que era véspera de réveillon. “Mas quando o pessoal chegou lá, encontrou apenas ele, calmo, fumando um cigarro e bebendo cerveja. Quando ele foi embora à noite, ouviram quando falava com a mãe no celular, dizendo que tinha feito uma tragédia em casa.”
Todos os dias podemos ler casos como esses, afinal o Brasil é o 5º país com a maior taxa de feminicídio. Em Pernambuco no ano de 2018 no mês de Janeiro, 26 mulheres foram mortas “apenas por ser mulher”. Todos os dias mulheres sofrem abusos de todas as formas, são testadas e obrigadas a sobreviver numa sociedade que dita “como e o quê” a mulher deve ser. Não se tem direito de escolha das carreiras, de andar na rua livremente independe da roupa, de frequentar determinados lugares ou gostar de determinadas coisas, pois algumas “só servem para os homens”, afinal a mulher tem que se dar o respeito e procurar seu lugar, mas acontece o conceito social de respeito travestido de machismo não nos representa.
Quantas mulheres vivem em silêncio por medo, por se achar inferior, por pensar no que os outros vão dizer sobre seu jeito de SER mulher? O silêncio pode se tornar ensurdecedor, porém nós dizemos “Seja aquilo que você quer ser!” E “Seremos”!!Não nos calaremos diante de uma situação onde um homem mata uma mulher por achar que é seu dono. Não nos calaremos diante de uma sociedade que acha que a mulher tem “seu lugar e papel no meio dela”. Não nos calaremos diante dos que destroem vidas e famílias por violência contra mulher. Não nos calaremos diante dos assédios diários, dos estupros, das “piadinhas preconceituosas”, não ficaremos sem voz. Nossa conquista é diária, nossa luta é permanente, iremos conquistar muito mais e nessa sociedade: teremos voz, vez e lugar. Inspiradas na Carta de Paulo aos Gálatas “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3,28), seguiremos profeticamente os passos de Cristo, pois somos iguais e seremos iguais.
Nesse dia da mulher, não nos calaremos, vamos gritar e vamos encorajar a todas as mulheres a não aceitarem nenhum tipo de violência, vamos lutar pelas que já foram e pelas que ainda estão aqui e precisam do nosso grito. Silenciar nunca foi uma opção, lutar sim!

“Como parte de nossa história, proclamamos nossos sentimentos: esperança, resistência, dignidade, alegria e solidariedade. Sentimo-nos ainda controladas e questionadas pelo poder dominante; às vezes com sentimentos de culpa, que geralmente nos vêm dos espaços eclesiais e sociais que geram indignação e raiva contra o sistema o sistema que nos marca limites, e ao qual nos opomos, sem medo e nem preconceitos”. 2º Encontro de Teólogas Indígenas (2013).


A nós todas, mulheres, nosso lembrete de que “muito há de ser conquistado” e fraterno abraço.


Recife, 08 de março de 2018

Atenciosamente,
Equipe de Mulheres da PJMP AOR
Pastoral da Juventude do Meio Popular
Arquidiocese de Olinda e Recife

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