Irmãs, companheiras,
consagradas, leigas...
Mulheres, Guerreiras...
“Eu lhes asseguro que onde quer que o
evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em
sua memória". Marcos 14, 9.
Cabo de Santo Agostinho, 29 de dezembro de 2017,
Verônica de 45 anos, foi morta pelo marido com duas marteladas na cabeça,
durante a madrugada, enquanto dormia num sofá na residência do casal. O mesmo
disse que cometeu o crime por ordem de uma "entidade do mal".
Recife, 17 de Dezembro de 2017, Remís Carla foi
esganada pelo namorado, o pedreiro Paulo. O motivo da briga foi porque ele
havia quebrado o celular dela durante uma discussão. Paulo informou que estava
sob o efeito de maconha e cocaína, o mesmo enterrou seu corpo num terreno
próximo a sua residência, e o corpo da mesma foi encontrado quase uma semana
depois em avançado estado de decomposição.
São Lourenço da Mata, 02 de Janeiro de 2018, o corpo
de Sibelly Carla de Lima foi encontrado já em avançado estado de decomposição no
imóvel que fica na rua do Sol, no bairro da Várzea Fria. Após uma discussão com
o companheiro, uma adolescente de 14 anos foi encontrada morta, deitada na cama
e enrolada em um lençol. Os vizinhos teriam escutado uma discussão entre o
casal neste mesmo dia, que era véspera de réveillon. “Mas quando o pessoal
chegou lá, encontrou apenas ele, calmo, fumando um cigarro e bebendo cerveja.
Quando ele foi embora à noite, ouviram quando falava com a mãe no celular, dizendo
que tinha feito uma tragédia em casa.”
Todos os dias
podemos ler casos como esses, afinal o Brasil é o 5º país com a maior taxa de
feminicídio. Em Pernambuco no ano de 2018 no mês de Janeiro, 26 mulheres foram
mortas “apenas por ser mulher”. Todos os dias mulheres sofrem abusos de todas
as formas, são testadas e obrigadas a sobreviver numa sociedade que dita “como
e o quê” a mulher deve ser. Não se tem direito de escolha das carreiras, de
andar na rua livremente independe da roupa, de frequentar determinados lugares
ou gostar de determinadas coisas, pois algumas “só servem para os homens”,
afinal a mulher tem que se dar o respeito e procurar seu lugar, mas acontece o conceito
social de respeito travestido de machismo não nos representa.
Quantas mulheres
vivem em silêncio por medo, por se achar inferior, por pensar no que os outros
vão dizer sobre seu jeito de SER mulher? O silêncio pode se tornar
ensurdecedor, porém nós dizemos “Seja aquilo que você quer ser!” E “Seremos”!!Não
nos calaremos diante de uma situação onde um homem mata uma mulher por achar
que é seu dono. Não nos calaremos diante de uma sociedade que acha que a mulher
tem “seu lugar e papel no meio dela”. Não nos calaremos diante dos que destroem
vidas e famílias por violência contra mulher. Não nos calaremos diante dos
assédios diários, dos estupros, das “piadinhas preconceituosas”, não ficaremos
sem voz. Nossa conquista é diária, nossa luta é permanente, iremos conquistar
muito mais e nessa sociedade: teremos voz, vez e lugar. Inspiradas na Carta de
Paulo aos Gálatas “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há
macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3,28),
seguiremos profeticamente os passos de Cristo, pois somos iguais e seremos
iguais.
Nesse dia da
mulher, não nos calaremos, vamos gritar e vamos encorajar a todas as mulheres a
não aceitarem nenhum tipo de violência, vamos lutar pelas que já foram e pelas
que ainda estão aqui e precisam do nosso grito. Silenciar nunca foi uma opção,
lutar sim!
“Como parte de nossa história,
proclamamos nossos sentimentos: esperança, resistência, dignidade, alegria e
solidariedade. Sentimo-nos ainda controladas e questionadas pelo poder
dominante; às vezes com sentimentos de culpa, que geralmente nos vêm dos espaços
eclesiais e sociais que geram indignação e raiva contra o sistema o sistema que
nos marca limites, e ao qual nos opomos, sem medo e nem preconceitos”. 2º
Encontro de Teólogas Indígenas (2013).
A nós todas, mulheres, nosso lembrete de que “muito há
de ser conquistado” e fraterno abraço.
Recife, 08 de março de 2018
Atenciosamente,
Equipe de
Mulheres da PJMP AOR
Pastoral da
Juventude do Meio Popular
Arquidiocese
de Olinda e Recife
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